KIBUTZ ISRAELENSE E A IGUALDADE DE GÊNERO-Marília dos Santos

 


                      



"O objetivo do movimento feminista é simples: alcançar uma sociedade em que homens e mulheres tenham direitos iguais, ou seja, sem hierarquia de gênero" declaram as militantes do movimento …
Para as mesmas, deve haver uma luta de modo a alcançar a igualdade entre os gêneros feminino e masculino em todas as esferas, porém, sobretudo na mais aclamada: Posto de Trabalho!

Uma das tentativas de implementação dessa teoria foi nos Kibutz Israelenses

Kibutz são comunidades que em primeira instância tentavam se manter quase exclusivamente da agricultura. Eles são uma visão embasada daquilo que seria o comunismo. Neles não há propriedade privada, todos trabalham para todos. Há uma rotatividade no emprego, você pode trabalhar 2 meses no campo, 2 meses em indústrias; caso existam, 2 meses na cozinha e não há cozinhas individuais, mas uma cozinha comunitária, onde todos comem juntos. É tudo feito em conjunto. Você sequer cuida de seus próprios filhos, pois eles são criados juntamente em uma creche comunitária.

A chegada de crianças a um kibutz recém-criado apresentava alguns problemas. Se tudo era partilhado igualmente pelos Kibutzim, quem ficaria responsável pelas crianças? A resposta a esta questão era dada atribuindo a responsabilidade das crianças a todos, ao ponto das mães amamentarem crianças que não eram suas. Em geral, a chegada de crianças aos Kibutzim era uma experiência inesquecível.

“Quando vimos nossas primeiras crianças no quintal, se batendo, ou agarrando os brinquedos apenas para si mesmas, éramos tomados de ansiedade. Isso significava que mesmo uma educação em uma vida comunal não poderia evitar essas tendências egoístas? A utopia da nossa concepção social inicial era destruída aos poucos.”

Também, se esperava que criar as crianças longe de seus pais liberaria as mães de sua "tragédia biológica". Ao invés de gastar horas em um dia criando filhos, as mulheres poderiam então estar livres para trabalhar ou aproveitar o lazer.

Há muito o que se falar sobre o papel das mulheres nos kibutzim. No início havia sempre mais homens que mulheres, então naturalmente tendiam a ser um lugar dominado pelos homens. Memórias da vida do início do kibutz tendem a mostrar mulheres desesperadas para realizar o mesmo tipo de papel que os homens do kibutz, desde a  escavar em pedras à plantar árvores. Em Degania (o primeiro de todos os kibutzim, tendo sido criado já quase quatro décadas antes do estabelecimento do Estado de Israel), pelo menos, parece que os homens queriam que as mulheres continuassem a realizar papéis femininos tradicionais, como cozinhar, costurar e limpar.

Com o tempo, os homens do kibutz cederam e permitiram que as mulheres tivessem os mesmos papéis,  incluindo segurança. O desejo de liberar as mulheres de deveres maternais tradicionais são outro apoio ideológico do sistema de Sociedade das Crianças. Interessantemente, mulheres nascidas em kibutz eram muito menos relutantes para realizar papéis tradicionais femininos. Foi a geração de mulheres nascidas que finalmente encerrou a as Sociedades das Crianças. Também, apesar de haver uma "masculinização das mulheres", não havia uma feminilização correspondente aos homens. As mulheres podem ter trabalhado nos campos, mas os homens não cuidaram de crianças.

Os Kibutzim levaram o conceito de IGUALDADE DE GÊNERO a extremos antes nunca alcançados.  Mesmo nesse sistema em que era notória a suposta igualdade entre os gêneros, as mulheres tinham 1h a menos de trabalho, de modo a poderem desfrutar de seus filhos, hora essa que não era concedida aos Pais.

As primeiras e as demais reclamações partiram das mulheres dessa organização, fundamentaram-se no facto de as roupas serem iguais e sem etiquetas, quando as roupas eram levadas à lavandaria comunitária, lhes eram entregues roupas já limpas mas conscientes de que não eram delas, pois elas não tinham uma designação específica, ao que tudo indica, mulheres usavam roupas que anteriormente foram usadas por homens e vice-versa. 

As mães eram ao contrário dos pais, mais dadas ao lado emocional, a preocupação excessiva para com os filhos, no que diz respeito ao seu estado, a alimentação, os cuidados com a saúde dos mesmos, causavam nelas certo sentimento de ansiedade, por isso ser algo notório  colectivamente entre as mulheres, talvez seja o fundamento da regra de 1h a menos às mulheres para poderem estar com os filhos.

As mulheres eram mais inclinadas a debilidade quanto a condição de saúde, talvez, devido as tarefas que realizavam, estas que eram semelhantes as que por norma, são realizadas por homens, as mesmas exigiam muito esforço, causando assim riscos à saúde das mulheres em detrimento dos homens, estes que por sua vez, as realizavam com normalidade e sem apresentar nenhuma debilidade à condição de saúde.

Havia inclusive, algumas exigências que para muitas era tida como "humilhante", como a questão da aprovação por parte do comitê quando estas ou qualquer outro tencionavam fazer compras em outro local que não fosse do Kibutz,   Em alguns kibutzim, maridos e esposas foram desencorajados de sentarem-se juntos, uma vez que o casamento era uma espécie de exclusividade. Em The Kibbutz Community and Nation Building, Paula Rayman relata que o Kibutz Har se recusou a comprar chaleiras para seus membros na década de 1950. Não porque as chaleiras eram caras, era porque os casais tendo suas próprias chaleiras teria significado que as pessoas passariam mais tempo em apartamentos, ao invés do refeitório comunal.

Depois de pouco tempo as mulheres não suportaram aquele regime, e preferiram voltar às suas casas, as poucas que ficaram pagaram o preço, pois em um horizonte temporal muito curto, elas envelheciam muito rapidamente em detrimento dos homens que lá estavam e executavam as mesmas tarefas e muitas vezes ficavam com a parte mais pesada. Era bem conhecida a imagem de a " Mulher de Kibutz" que mais parecia a mãe de seu próprio esposo.

Quando o movimento feminista afirma que as "MULHERES PODEM REALIZAR TAREFAS LIGADAS À MASCULINIDADE MELHOR QUE OS PRÓPRIOS HOMENS" elas se esquecem que nós fomos criadas com mais limitações em relação aos próprios homens, estas ligadas à saúde, sobretudo.

Assume-se que o homem é o indivíduo forte e que, com sua agressividade e inteligência, impôs o desenvolvimento da civilização urbana, ao passo que a mulher, por sua natureza passiva e fecunda, deve perpetuar essa civilização através da maternidade. A incapacidade e/ou recusa desse papel por parte da mulher definiria um caráter desviante, estranho à própria natureza. Também as características psicológicas vistas com maior positividade, como a capacidade de amar e emocionar-se, compunham uma compleição perfeita para o cuidado das crianças e a privacidade do lar (BELLINI, 2003).

Isso não é uma prerrogativa para inibir a mulher de um posto de trabalho, mas para esclarecer a elas que existem, existiram e existirão sempre tarefas realizadas naturalmente por homens e que ao serem realizadas por elas exigirá inúmero esforço chegando a adoecê-las ou envelhecê-las como o caso das mulheres de Kibutz, simplesmente por terem sido responsabilidades à elas não incumbidas por Deus.





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