
Corremos incansavelmente em busca de conhecimento, acreditamos estar cumprindo apenas com a Palavra e os Seus desígnios, afinal, é Ela mesma que nos chama a conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor(Os 6:3); é Ela mesma que nos adverte a termos uma resposta para os que questionam a razão da nossa Esperança (1 Pedro 3:15). E de facto é isso o que o Senhor requer de nós, que conheçamos o Autor e consumador de nossa fé, que conheçamos a Sua Palavra e os Seus feitos, que tenhamos em mente as Promessas que Ele fez ao Seu povo e aguardemos esperançosos pelo cumprimento das mesmas, que nossa fé não esteja baseada em apenas atos miraculosos, mas que inclusive na ausência dos mesmos ela permaneça intacta, que ainda que complexas, procuremos conhecer as razões por detrás das decisões do Senhor, o que a própria Palavra nos ensina que não as conheceremos na sua plenitude; "As coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei."(Deuteronômio 29:29).
E não é verdade? O Senhor não apresenta razões adjacentes aos Escolhidos terem sido escolhidos, como diz a Palavra sobre Ele "Terei misericórdia de quem eu quiser ter" (Rom 9:15) e não existe outra razão por detrás do Seu Beneplácito senão que Ele é Soberano entre todos ( Is 46:11).Mesmo que complexo aos nossos olhos o conhecimento de Deus é primordial para o exercício da nossa fé, mas em contrapartida... pode ser uma porta de entrada à arrogância e à mortificação da verdadeira piedade. Não podemos nos esquecer que todos nós temos um Chamado para o amor, primeiramente à Deus e posteriormente ao próximo sem que este corresponda ou não às nossas crenças. O amor não deve estar apar do conhecimento de Deus, pois só é possível amar conhecendo à Ele, pois Ele é o Amor( 1 João 4:8).
Todo o conhecimento que obtemos de Deus não pode elevar o nosso ego, ou nos superiorizar em relação à outrem, pelo contrário, ele deve nos levar a um Estado de reconhecimento da nossa pequenez diante da grandiosidade do Criador, da nossa incapacidade diante de Seus grandes feitos, de nossa limitação diante de sua Eternidade. Errado é que nos reconheçamos pequenos diante dEle e queiramos nos engradecer diante dos outros, mas infelizmente é a realidade nos dias de hoje. O conhecimento que obtemos não nos leva mais à reflexão pelo nosso Estado de depravação, mas nos engradece, futilmente nos engrandecemos com algo que sequer nos pertence, pois esse pequeno nível de sabedoria é dado pelo Eterno, por suas Infinitas Misericórdias, como podemos nos sentir superiores quando a Palavra nos lança ao rosto nossa inferioridade? A Palavra responde à essa questão: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?(Jr 17:9).
Nossa condição pecaminosa sempre dá um jeito de inverter o quadro da situação, e nos faz pensar que podemos nos elevar, invés de nos diminuir, não nos esqueçamos que conhecimento de Deus revelará o conhecimento que temos de nós mesmos.
É incrível como temos separado partes que trabalham juntas para um objectivo comum, é incrível como temos buscado a sabedoria e o conhecimento e nos temos apartado da piedade, do amor ao próximo, da caridade.
A verdadeira piedade acentua-se na verdadeira devoção à Deus, e no verdadeiro amor ao próximo, na capacidade de encontrar as riquezas do amor de Deus e querer transmitir isso aos outros. Será que essa busca desenfreada pela sabedoria é mesmo por amor à Ele ou queremos simplesmente ser conhecidos como sábios? Queremos de facto usar desse conhecimento para nos achegarmos à Deus ou queremos buscar glória própria? Tenhamos em atenção a intenção do nosso coração ao fazer todas essas coisas, não apartemos o conhecimento do amor verdadeiro. Lutemos com todas as forças para não nos deixarmos levar pelas intenções de nosso pecaminoso coração.
Busque pelo conhecimento de Deus mas lembre-se que ele deve estar em equilíbrio com a Piedade. Que tenhamos a humildade de negar todo o conhecimento que nos faz sentir-se superiores invés de nos levar para um verdadeiro reconhecimento de nossa pequenez, de nossa incapacidade, de nossa limitação, o neguemos, sim, o neguemos, ainda que ele faça com que haja aplausos, reconhecimento, o neguemos, e lutemos para criar um equilíbrio perfeito entre o conhecimento e a Piedade.
Que tudo o que sabemos nos leve a amar cada vez mais, nos entregar aos pelos outros cada vez mais, buscar o interesse deles cada vez mais. Chega de conhecimento sem amor, chega de dizermos que amamos à Deus quando tudo o que sabemos dEle nos leva à vã glória e não à glória do Eterno.
Conhecimento teológico sem piedade é vã, assim como é vã a piedade sem conhecimento teológico.
Não fomos, não somos e jamais seremos o centro desse evangelho. Para Ele foram, são e continuarão sendo todas as coisas.
Marília dos Santos.
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